Lula está na China desde quarta-feira. O Brasil faz parte do grupo BRICS de países neo-imperialistas, que inclui a Rússia, a Índia e a África do Sul, para além da China. Sete ministros e cinco governadores acompanham Lula. Além disso, representantes de bancos e câmaras de comércio.
A ex-presidente do Brasil e confidente de Lula, Dilma Rousseff, assumiu a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB)¹ dos BRICS. Os cinco Estados querem construir novas estruturas financeiras para reduzir a dependência do dólar americano – e fortalecer o “Sul Global”. Em 14 de abril, Lula encontrou-se com o líder do partido e do Estado chinês, Xi Jinping, em Pequim. A China é o parceiro comercial mais importante do Brasil. Isso deve ser expandido ainda mais².

A China precisa dos produtos mineiros do Brasil, da soja para alimentar o gado, da carne e de outros géneros alimentícios. O Brasil importa principalmente produtos electrónicos – como telemóveis e computadores – mas espera sobretudo investir na cura de infra-estruturas – por exemplo, através da aquisição pela BYD da fábrica fechada da Ford na Bahia (e-cars). A China também quer investir em “hidrogénio verde” ou em parques solares.

Lula visita o centro de pesquisa da Huawei em Xangai. Trata-se de uma afronta aos EUA, que haviam “banido” a Huawei. A Huawei investiu 800 milhões de dólares americanos numa fábrica no Brasil desde 2019. Com a sueca Ericsson, a Huawei vai construir em conjunto a rede 5G no Brasil para a empresa de telefonia e internet TIM.³ O Brasil também quer participar na “Nova Rota da Seda” e espera construir uma ferrovia do Atlântico ao Pacífico – via Bolívia e Peru – com participação chinesa. O Brasil é o maior beneficiário do investimento chinês e o primeiro país da América Latina a atingir a marca dos 100 mil milhões de dólares americanos em volume de comércio com a China. Deverá também haver uma maior cooperação no sector militar e do armamento. Há também planos para uma maior cooperação no sector militar e de armamento, mas tal não é oficialmente comunicado. O Brasil, no entanto, apoia indiretamente a posição chinesa na guerra da Ucrânia, ao ser colocado em jogo pela China como uma “potência de paz”. A visita de dois navios de guerra iranianos ao Rio de Janeiro também é suposto mostrar esta “independência” dos EUA.

Lula está sob pressão. As suas promessas eleitorais eram: novos empregos, proteção do ambiente, salário mínimo, expansão do bem-estar social – ou mesmo eliminar a fome e a pobreza. Mas o Brasil está em crise há anos (em 2022, o PIB do Brasil ainda não atingiu o nível pré-crise de 2015), apesar de um excedente comercial de 46 mil milhões de dólares americanos (em 2021). Por isso, precisa de investimentos chineses, por exemplo, no sector mineiro ou no sector energético. A continuação da sobre-exploração da natureza (Amazónia, Cerrado) está pré-programada. Lula precisa do apoio das forças reaccionárias no parlamento, que ele deve “acomodar” para os seus projectos sociais!

1,6 milhões de “trabalhadores” no Brasil são trabalhadores “precários” que trabalham por salários ninharia! Eles estão a lutar por salários colectivos!
Outros trabalhadores e sindicatos também estão em greve: colegas do metro, professores e estudantes contra os cortes na educação, enfermeiros por salários mais altos. Em muitas cidades, os trabalhadores públicos lutam contra as privatizações, as mulheres lutam por uma melhor proteção durante a gravidez e contra a “proibição do aborto”. Lula continua a dar-lhes a sua palavra.

O desmatamento da floresta amazónica continua. Apesar de algumas acções para proteger as reservas indígenas, os crimes ambientais continuam! O salário mínimo legal nem sequer é ajustado à inflação. Os responsáveis pelos assassinatos de indígenas não estão a ser julgados – assim como os responsáveis pelos “motins” fascistas de 8 de janeiro em Brasília não estão a ser descobertos.

Sob os governos Temer e Bolsonaro, o imperialismo norte-americano ganhou mais influência no Brasil, a fim de enfraquecer os BRICS e vender o Brasil neoimperialista e partes dos seus super-monopólios ao capital financeiro dos EUA, Arábia Saudita e EAU. Agora Lula quer reverter essas privatizações de partes da Petrobras. E expandir a influência dos BRICS e de partes da UE.

Isto irá encontrar uma luta de classes intensificada nesta sociedade polarizada no Brasil. A classe trabalhadora brasileira é desafiada a não se deixar influenciar pelo rumo do governo, dos sindicatos “apoiantes do Estado” e do chauvinismo social. Para isso, ela tem que lutar pela sua independência de classe. Para isso, tem de esclarecer o carácter da China, da Rússia, da UE ou dos EUA – e qual o papel que o Brasil está a desempenhar na guerra da Ucrânia.

O governo Lula-Alckmin só serve ao capital financeiro global e à burguesia monopolista nacional; quer fortalecer os supermonopólios “nacionais” (Petrobras, Novonor, Embrear e.o.) e reestabilizar o Brasil como um país neoimperialista! Qualquer esperança em Lula (PT e CUT), é uma falácia e o começo do fim de um movimento operário e popular combativo, como começou a ressurgir desde 2021.

LULA está a realizar uma visita de Estado à China (14-07-23)

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