“Sem anistia” – esse era o principal slogan dos protestos nacionais em 9 de janeiro de 2023 após a tempestade fascista do dia anterior, quando os partidários de Bolsonaro invadiram e se revoltaram no Congresso, na sede presidencial e no STF.

Os protestos foram convocados por uma ampla aliança de sindicatos, partidos revolucionários e burgueses-democráticos, associações estudantis e outras organizações. A maior manifestação com 60.000 participantes aconteceu em São Paulo, um centro de trabalhadores industriais. Os quatro maiores times de futebol do Brasil também apareceram lá.

A mídia alemã dificilmente dá uma palavra aos protestos, enquanto as ações dos apoiadores de Bolsonaro são amplamente divulgadas. Os manifestantes exigem que os participantes das ações, os financiadores e os que estão por trás deles no aparelho estatal, sejam responsabilizados. Há unidade nos protestos na luta contra o fascismo, mas ao mesmo tempo também muita confusão. Os participantes com bandeiras com martelo e foice marcharam ao lado dos participantes em camisetas Lula.

Alguns meios de comunicação descartam os ataques fascistas como meros trovões teatrais. De fato, desde a derrota eleitoral de Bolsonaro, os partidários de Bolsonaro têm se reunido em acampamentos por todo o país e apelado repetidamente para uma intervenção militar. A invasão dos edifícios do governo segue em parte o roteiro da invasão do Capitólio Americano em 2021, instigada por Donald Trump – o grande ídolo do fascista brasileiro: o Bolsonaro. Os partidários de Bolsonario foram trazidos para Brasília em ônibus, reunidos e entraram nos prédios, alguns armados, com pouca resistência. Lá eles se enfureceram por horas. Mesmo que Bolsonaro não aparecesse abertamente como o mentor, não havia dúvidas entre seus apoiadores sobre suas intenções. Não está totalmente claro se esta foi uma tentativa séria de golpe ou a criação de uma ameaça fascista. É certamente perigoso! Especialmente porque existe uma tendência fascista internacional, em cada vez mais países os fascistas estão sendo integrados aos governos, como é atualmente o caso na Suécia, Israel ou Itália.

É evidente que a tomada de posse pelo recém-eleito Presidente Lula em 1.1.23 não aliviou de forma alguma a polarização social no maior país da América do Sul. A mudança de governo não significa que o aparelho de poder também tenha sido substituído. Durante seu mandato, Bolsonaro ocupou sistematicamente postos com ex-oficiais militares. Os políticos do campo Bolsonaro no parlamento e governos regionais representam partes do capital nacional e financeiro no Brasil. Atualmente, Lula pode contar com outras partes do aparelho de poder. Estes incluem o STF, que também refutou as falsas notícias de Bolsonaro sobre fraude eleitoral. Lula é atualmente apoiado pelos principais círculos de capital financeiro internacional, incluindo a empresa de mineração Vale. Lula está associado a uma mudança nos métodos de governo em direção a um método burguês-democrático – mas de forma alguma ele abandona o objetivo de fazer avançar o Brasil como umapotência neo-imperialista.

O Presidente Biden dos EUA condenou a invasão dos edifícios como “ultrajante” e pediu apoio para “instituições democráticas”. O “Tagesschau” (noticias diarias de TV-Alemanha) relatou em 9 de janeiro: “Depois do presidente alemão Frank-Walter Steinmeier, outros políticos alemães de alto escalão aparentemente estão viajando para o Brasil em breve. Eles querem forjar alianças no cenário mundial”. Estes planos seguem a esperança de incluir o Brasil no bloco da OTAN contra a Rússia neo-imperialista.

O Presidente Lula chamou os atores de “nazistas” e “fascistas” e prometeu encontrar financiadores e financiadores. O sindicato militante Conlutas, entretanto, adverte, com razão, contra confiar em Lula para a luta antifascista: “Tampouco se pode confiar em perseguir com coerência final a prisão, punição e expropriação dos golpistas que financiam, dão um porta-voz ou participam dessas ações. … Somente a classe trabalhadora pode garantir uma vitória real sobre a ultra-direita”. Mas esta luta não pode ter o objetivo de apoiar a democracia burguesa, que é apenas mais uma forma de governo pelo capital monopolista. Ela deve ser conduzida com uma perspectiva socialista, para a qual a construção de um forte partido revolucionário é central.

(rf-news.de)

“Sem amnésia” – protestos contra a tempestade fascista sobre símbolos da democracia burguesa

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