liberada do site rf-news.de

O grupo de solidariedade »Luta por todos os empregos e aprendizagens na Opel Eisenach e nos fornecedores« publicou no novembro (19.11.) um comunicado de imprensa sobre o sucesso dos trabalhadores da Opel.

No Setembro, após as eleições federais na Alemanha, o chefão da Stellantis (fusão da PSA/Opel e da Fiat) tentou criar factos numa acção surpresa e iniciar o encerramento da fábrica de Eisenach de uma forma fria … Em três dias, a fábrica de Eisenach foi completamente esvaziada e começaram os trabalhos de mudança de peças para Sochaux, onde a “Grandland” deveria ser relocalizada.

O plano desonesto falhou!

A Tavares teve de ceder e anunciar mansamente que a produção em Eisenach será retomada em Janeiro e que Eisenach e Rüsselsheim permanecerão no grupo Opel!

Parabéns aos “Opelistas”, às suas famílias e a todos nós!

– Como se fosse melhor esperarmos e vermos e mantermos os pés quietos: se tudo tivesse permanecido calmo, o Tavares poderia ter continuado com os seus planos sem ser perturbado. Nada pode ser feito em relação a eles, o caraças: Soámos imediatamente o alarme, fundámos o Círculo de Solidariedade e informámos o público. O risco político tornou-se incalculável para a Tavares.

– Lá se vão os trabalhadores que estão sozinhos: a solidariedade da população foi esmagadora. Nas nossas vigílias no mercado de Eisenach, as pessoas fizeram fila para assinar as listas de solidariedade. Até à data, foram recolhidas 586 assinaturas, também da Dinamarca, Noruega, Luxemburgo e na alemanha: Sindelfingen/Stuttgart e Rüsselsheim. E as caixas de donativos estavam cheias: 612,45 euros estão no fundo de solidariedade!

– Mentira: todo mundo morre por si só = o dia de acção de 29 de Outubro em Eisenach foi a prova de que a luta comum é possível, para além das fronteiras da empresa e nacionais, com colegas da VW, Daimler e oito fábricas francesas. A representação mais forte era de Sochaux, a suposta “fábrica vencedora” se Eisenach fechasse.

A UNIDADE dos trabalhadores ganha!

O Círculo de Solidariedade agradece-lhe muito por esta iniciativa esmagadora! Ao mesmo tempo, mantemo-nos atentos, porque o recuo do Tavares não significa que ele esteja a abandonar os seus objectivos. Porque é que ele ainda quer transformar a fábrica de Eisenach numa “GmbH” (sociedade limitada) separada? Porque é que o novo acordo só é válido por um ano? E onde está o compromisso com o modelo sucessor de Eisenach? Agora é o momento de organizar e reunir forças para a próxima ronda! O Círculo de Solidariedade estará com os „Opelistas“ no dia da reunião na fabrica em Eisenach, 24 de Novembro de 2021, e `mostrará as suas bandeiras´ no mercado central as 16h00 da tarde.

*** *** ***

Aqui está uma primeira conclusão

Ao mesmo tempo que se realizavam protestos na Alemanha & França em torno da fábrica da Opel em Eisenach, que foi encerrada por “trabalho a tempo reduzido”, e que os trabalhadores da Opel + PSA lutavam com sucesso contra o encerramento da fábrica da Opel, houve uma greve independente notável por parte dos trabalhadores da GM no Brasil. A “Conferência dos Trabalhadores da Indústria Automóvel” também enviou uma declaração de solidariedade (iawc.info).

Poder-se-ia ter feito mais para desenvolver a solidariedade internacional e lutar mais alto. Como avançar a solidariedade e a luta por uma sociedade sem exploração e opressão, pela unidade do homem e da natureza – e que limites ainda enfrentamos!

A greve na GM é importante e precisa de ser estudada mais de perto (também a greve contra o encerramento na Ford Brasil em Janeiro de 2021) porque teve lugar numa “crise política” aberta. Por um lado, com um governo fascista que quer destruir todos os direitos fundamentais dos trabalhadores e avanços sociais, mas que está em declínio e um movimento sindical dividido e uma política de colaboração de classe negativa e destrutiva … até os “pelegos” ajudam no encerramento de fábricas …

Por outro lado, uma mudança progressiva de moral no sociedade, partindo das lutas da classe trabalhadora e da juventude no meio da pandemia de covid-19, dos efeitos da crise económica mundial com desemprego recorde, fome e pobreza e da crise ambiental agravada no Brasil (inundações na Bahia, desflorestação da floresta tropical, toxinas nas águas subterrâneas pelo agronegócio). Portanto, cada greve independente – em Brasil neo-imperialista – é político e politizado desde o início!

O qual é a lição ?

Se tomarmos como referência a greve bem sucedida na Opel-Eisenach (www.rf-news.de/2021/kw46/ein-grosser-erfolg-fuer-die-opelaner-eine-klatsche-fuer-carlos-tavares), podemos aprender o seguinte para a greve na GM, que os colegas experientes se reconheceram em parte na greve =
(https://esquerdaonline.com.br/?s=GM):

  • A greve não é apenas económica, mas política (crise política e aberta do governo de Bolsonaro e crise aberta de colaboração de classe negativa dos “pelegos” [co-managers]) com a sua traição de classe (uma das razões pelas quais cerca de 40% dos trabalhadores no ABC votaram para Bolsonaro em 2018).
  • Faz diferença: se existe um partido revolucionário dos trabalhadores, ancorado na classe trabalhadora, que faz sistematicamente trabalho em pequena escala e trabalha conscientemente de forma organizada (como site www.rf-news.de publicou) – no Brasil ainda não tem egal.
  • O que já foi visto em Janeiro de 2021 com o encerramento das fábricas Ford: os líderes sindicais da CUT ajudaram a “abafar” os protestos; incluindo as tentativas de influência chinesa como “investidores substitutos” – semelhante a Mercedes em Iracemápolis).
  • No Brasil, os sindicatos estão divididos em 8 “centrais” nacionais e 3 sectoriais – os sindicatos direccionais estão ligados a partidos (pequenos burgueses-oportunistas e anti-comunistas) com um grau médio de organização de apenas 20-25% (nacional). Só a solidariedade e a unidade para além das fronteiras sindicais ajudarão as fileiras na luta comum.
  • A palavra “imparcial” (“überparteilich“) nos sindicatos não é conhecido. No Brasil ao contrário: os sindicatos são dependente do estado e dos partidos.
  • Os colegas só compreenderam a luta de classes ao nível do conhecimento sensual (para além dos colegas individuais) – embora o antagonismo de classe se tenha tornado “abertamente aparente” na greve.
  • Exemplo de cognição sensual é a exigência de um “salário justo” … a cognição racional teria então sido “Abaixo o sistema salarial” (como Karl Marx falou) – prática revolucionária = seria a luta pela sua realização, ou como uma unidade dialéctica de luta económica e política no greve na luta contra escravatura salarial.
  • Enquanto a luta na GM pela preservação das exigências fundamentais §42 (protecção os colegas lesionados) e um aumento salarial real foi conseguido (até 2023) – só que não receberam vales alimentares.
  • Os colegas não elegeram um Comité de Greve a partir da base – mas houve um pequeno grupo dos colegas que organizaram a greve nos departamentos (“grupos de confiança”).
  • Não havia nenhum “Grupo de solidariedade” (como na Opel) com ampla publicidade – embora isto tenha sido exigido pelos colegas da GM (na greve na Mercedes em SBC em 2015, houve uma vigília no portão).
  • Houve expressões de solidariedade por parte de metalúrgicos de Campinas (Intersindical), São José dos Campos/SJC (Conlutas) ou Mogi das Cruzes (Forca Sindical). Mas uma greve colectiva de todas as plantas, para além das fronteiras sindicais, não se concretizou. Isto teria sido tanto mais necessário, quanto imediatamente após a greve em São Caetano, a GM anunciou que iria colocar 1200 colegas no SJC em trabalho tempo reduzido (“layoff”) e estava a preparar novos ataques.
  • A propaganda negativa da GM (especialmente através dos grupos Whats-App) não foi contrariada.
  • As próprias relações públicas proletárias têm de ser realizadas (folhetos, grupos Whats-App, blogue, protestos públicos, reuniões de discussão, visitas domiciliárias & incluindo famílias).
  • Bom foi a votação de 29.09. na reunião dos colegas, onde eles “unificaram” no início da greve – mas sem “programa de luta“, sem princípios ou “roteiro” – esta espontaneidade foi o início da posterior derrota.
  • A luta por cada local de trabalho deve ser expressa abertamente através da luta para encurtar a jornada de trabalho – com salários integrais. No Brasil: 40 horas semanais de segunda a sexta-feira à custa dos lucros (ou menos, como http://www.cfess.org.br/visualizar/noticia/cod/1747).
  • Ilusões repetidas nos sindicatos, imprensa e na justiça burguesa (como um instrumento do estado burgues de opressão).
  • Clarificar o papel dos os dirigentes sindicais – “pelegos” – (como no Força Sindical) como um factor de “ordem do estado”.
  • O método da “demonstração de força” (“Machtprobe“) = na transição da mudança de moral/ consciência de classe para a ofensiva dos trabalhadores – não é consciente para os colegas; o que abriu portas para a manipulação pequeno-burguesa de pensamento: assim, no turno da manhã e do meio-dia de 14 de Outubro, cerca de 80% dos colegas votaram a favor da continuação da greve – mas também uma minoria era contra a greve: estes não tinham nada a opor ao clima manipulada e aquecido no local de trabalho, “capitularam” e foram trabalhar.
  • Por isso a base foi preparada para as manobras de divisão dos líderes sindicais de direita, que declararam a votação irrelevante, citaram o tribunal (TRT) e o departamento de pessoal: “a greve acabou e têm de voltar ao trabalho” até às 15.10. de tarde, todos têm de voltar ao trabalho!
  • Uma minoria foi trabalhar e por isso a frente de greve fechada continuou a desmoronar-se em 15.10. …
  • Os colegas que foram trabalhar não “caíram” simplesmente: o nível de clareza, consciência e organização dos colegas não foi suficiente para o desenvolvimento da greve. Não havia vanguarda da classe trabalhadora para avançar a luta.
  • Expressão da retirada “espontânea” e medo da intensificação do confronto (sem liderança clara).
  • Tb deve ser processado: como vários pequenos burgueses esquerdistas, organizações revisionistas, reformistas e opportunistas, tentam reinterpretar a luta e confundir, desorientar e desmoralizar os trabalhadores (de jeito dogmático ou sectário) – em estreita unidade com os “pelegos” e os meios de comunicação burgueses ou mesmo igrejas (papel do feriado nacional 12.10. com a “Dia de Nossa Senhora Aparecida”) – No longo fim-de-semana (9.-12.10.) o clima no greve “mudou”! Por que …? Isto deve ser discutido com crítica aberta e solidária e autocrítica.
  • Contacte o site www.iawc.info ou https://www.neuerweg.de/bucher/la-lucha-por-el-modo/la-lucha-por-el-modo. Aqui você pode lidar com a greve de uma forma consciente e inspirar-se.
  • Reforcem a base militante e organizem-se = dentro e fora da fabrica. A luta e greve na GM foi certa e necessária.
  • Não foi uma “derrota”, foi uma lição valiosa!!!

Lute por uma verdadeira união unificada na fusão de todos os sindicatos de base que existe – com base na luta – com um fundamento democrático-antifascista.

Não dê uma chance ao anticomunismo: Fora Bolsonaro/Mourão!

Socialismo verdadeiro – ou barbárie!

Só a reconstrução de um partido revolucion´ário de trabalhadores, com modo de pensar proletário e a consciência de classe, pode ajudar os trabalhadores (como na Opel em Eisenach e PSA em Sochaux mostrou) – também no Brasil – a liderar com sucesso a luta pelos interesses da classe trabalhadoras e para o futuro – sem exploração e opressão.

Viva a solidariedade internacional!

O que os colegas da GM em São Caetano/Brasil podem aprender com a luta sucedida dos colegas da Opel (Alemanha) e PSA (França)?

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