O dia 9 de novembro marca o 25º aniversário da queda do Muro de Berlim. Isso marcou a queda do símbolo indescritível da divisão da Alemanha. O mundo assistiu atônito ao que aconteceu em Berlim e em toda a Alemanha no outono de 1989.
(quinta-feira, 6 de novembro do ano 2014)
A separação forçada da família e dos amigos foi superada. Um espírito de otimismo, alegria e orgulho caracterizou a consciência. O dia 9 de novembro também marca o aniversário da constatação de que as pessoas podem mandar um governo odiado – e até mesmo um regime que contava com a onipresente StaSi (parece Abin) – para as ruas, se elas se revoltarem. Esse 25º aniversário é, com razão, um dia de alegria e lembrança. É também uma ocasião para lembrar, fazer um balanço e refletir sobre as lições para o futuro.
Quem dividiu a Alemanha?
Os políticos burgueses da CDU/CSU e do SPD, por outro lado, querem esquecer sua responsabilidade pela divisão da Alemanha com seus discursos dominicais sobre a queda do Muro. Foram eles que apoiaram de bom grado a mudança na política americana em relação à Alemanha em 1949, que levou à divisão da Alemanha com a quebra do „Acordo de Potsdam“ e a fundação da RFA como um estado separado da Alemanha Ocidental!
Em contrapartida, foi o movimento trabalhista revolucionário que sempre defendeu a unidade da Alemanha. O representante do Partido Comunista Alemão, Heinz Renner, recusou-se acertadamente a assinar a „Lei Constitucional da Alemanha Ocidental“ no Conselho Parlamentar em 1949 com as palavras: “Não assinarei a divisão da Alemanha!” O partido revolucionário KPD foi banido pelo Tribunal Constitucional Federal em 1956, em parte por sua defesa da reunificação alemã. O MLPD e sua organização predecessora, o KABD, haviam aderido à luta por uma Alemanha-Socialista-Unificada, desde sua fundação.
O lema de Adenauer: “Melhor ter metade da Alemanha conosco, do que um todo para os outros” expressava cinicamente a justificativa anticomunista para a divisão da Alemanha. A divisão foi direcionada contra o socialismo (que havia se fortalecido após a Segunda Guerra Mundial) e o movimento revolucionário dos trabalhadores. A RDA só foi fundada em 7 de outubro de 1949 como uma resposta à divisão, fundando a RFA como um estado separado da Alemanha Ocidental – um mes antes.
Como o Muro foi construído?
A construção do Muro de Berlim em agosto de 1961 foi uma expressão do fracasso dos burocratas do SED. A construção do Muro não foi uma falência do socialismo, como é amplamente divulgado pelo anticomunismo moderno. Em vez disso, os líderes do SED fracassaram por causa de sua traição ao socialismo e de sua tendência imparável, de se adaptar ao sistema mundial capitalista no Ocidente.
Foi Nikita Khrushchev, Secretário Geral do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), que declarou em seu XX Congresso do Partido em 1956 que uma revolução socialista era perigosa demais nas condições atuais e que, portanto, era necessário seguir uma política de coexistência pacífica, chegar a um acordo com o sistema capitalista burguês e entrar em uma competição pacífica. Essa foi a justificativa para jogar fora gradualmente todos os princípios socialistas e perseguir o comportamento burguês e a busca burguesa pelo lucro. A sociedade socialista foi transformada em uma sociedade burocrático-capitalista. O poder criativo e a iniciativa das massas estavam cada vez mais sufocados em um pântano burocrático-centralizado de regulamentações e planos irrealistas. Uma nova burguesia havia se desenvolvido a partir de uma camada de burocratas degenerados pequeno-burgueses e tomado o poder. Para enganar a população, ela, no entanto, rotulou seu governo como “socialismo real“. Foi mais do que conveniente para as potências imperialistas ocidentais, que os burocratas do SED mandassem erguer um muro em 13 de agosto de 1961 e camuflassem sua falência e traição ao socialismo com o termo “muro de proteção antifascista“.
A RDA era um “Estado injusto”?
O MLPD rejeita decisivamente a agitação indiferenciada do presidente federal (atual), Joachim Gauck, contra o suposto “estado injusto” da RDA. O MLPD sempre foi um oponente ferrenho da ditadura da Stasi de Erich Honecker e sofreu o ódio dos revisionistas do SED. É por isso que ele foi proibido na RDA. O MLPD defende o levante antifascista e democrático realizado na zona ocupada pelos soviéticos após a Segunda Guerra Mundial, bem como a construção do socialismo que começou em 1952 (como „Democracia Popular“ na maneira de Dimitroff) de e as conquistas progressivas da RDA. É típico de Gauck caracterizar como “injustiça” a retirada de poder dos monopólios após a Segunda Guerra Mundial, a expropriação dos Junkers e dos grandes proprietários de terras e os direitos democráticos da população. Essa é a única razão pela qual ele não faz distinção: entre o início esperançoso da RDA e a posterior traição ao socialismo.
Que liberdade Gauck está realmente elogiando? A liberdade dos supermonopólios alemães de fornecer suas armas a qualquer regime reacionário, de participar de inúmeras guerras reacionárias, como a do Afeganistão, e de explorar impiedosamente as pessoas e a natureza? O “estado constitucional democrático” de Gauck espiona seus cidadãos em um grau, que deixaria a Stasi “verde de inveja”. Gauck não tem nenhum problema com o fato de a ministra do Trabalho, Andrea Nahles (SPD), querer restringir ainda mais o direito de greve. Tudo isso geralmente é aplicado contra a vontade declarada da maioria da população. Isso não tem nada a ver com democracia. Essa é a ditadura dos monopólios que eles estabeleceram sobre a sociedade como um todo.
Quem derrubou o regime da Stasi?
A queda do Muro de Berlim e a reunificação foram o resultado de um movimento popular democrático, que derrubou o regime burocrático de Honecker sob o slogan “Nós somos o povo“. O movimento popular na RDA foi bem recebido e apoiado pelo MLPD desde o início. O então chanceler Helmut Kohl, por outro lado, ainda hoje pode ser celebrado como o pai da reunificação. De fato, ele mesmo ficou completamente surpreso na época. Há apenas algumas semanas, Kohl criticou “a opinião predominante de que o movimento pelos direitos civis havia provocado o colapso da RDA” (mentiroso de mais). Esse foi um lampejo de seu típico desprezo pelas massas.
Foram as manifestações de massa em quase todas as grandes cidades da RDA, que forçaram a queda do Muro no outono de 1989. Esse movimento não foi de forma alguma um movimento anticomunista, como Gauck e os partidos burgueses querem nos fazer acreditar. No início, muitas pessoas saíram às ruas com a ideia de lutar por direitos democráticos (e socias), contra a opressão e a espionagem da Stasi e por uma melhora na RDA.
Naquela época, a RDA estava passando por uma profunda crise econômica e política. O domínio do imperialismo social soviético, do qual a RDA era totalmente dependente, havia sido enfraquecido. O programa do MLPD afirma: “Como a reunificação não ocorreu sob os auspícios socialistas, tornou-se possível incorporar a RDA ao poder econômico e político do capital monopolista da Alemanha Ocidental.” (S. 12)
Com a reunificação, as experiências da classe trabalhadora se uniram em uma Alemanha reunificada e o MLPD pôde ser estabelecido como um partido só, totalmente presente em todos as regiões do país.
O que aconteceu com a promessa de Kohl?
Foi Helmut Kohl quem fantasiou sobre “paisagens florescentes” para ganhar influência sobre o movimento de massa. Porque, em 10 de novembro, ele foi recebido com vaias do movimento popular democrático na Prefeitura de Schöneberg, em Berlim, e na Praça John F. Kennedy.
Até mesmo o relatório anual do governo alemão sobre o estado da unidade alemã em 2014 ainda não encontrou nenhuma “paisagem florescente”. Com uma taxa oficial de 10,3%, o desemprego em massa é crônico. As mulheres são particularmente afetadas. As pensões ainda são calculadas de forma diferente no Leste e no Oeste. Mesmo 25 anos após a reunificação, os ganhos médios no Leste ainda são cerca de um quarto menores do que no Oeste – e, na maioria dos casos, com jornadas de trabalho mais longas. O MLPD defende a unidade dos trabalhadores no Leste e no Oeste. Ele é a favor de acordos coletivos uniformes no Leste e no Oeste e da equalização no nível mais alto em cada caso.
Portanto, não é de se admirar que, 25 anos depois, haja muitas perguntas e até mesmo vozes céticas sobre a reunificação. É importante entender a natureza dupla da reunificação. Como ela não ocorreu sob os auspícios socialistas, os monopólios ocidentais puderam incorporar completamente a RDA. A partir de então, as massas do Leste também puderam “desfrutar” do capitalismo monopolista de Estado de estilo ocidental e de todas as suas “bênçãos”.
Uma nova tentativa de socialismo autêntico, em vez de se ajoelhar diante do anticomunismo
Grande parte da liderança do Partido de Esquerda (“Die Linke“) está lutando por cargos no governo. Por exemplo, Stefan Dittes, um conhecido representante da “corrente esquerdista” do Partido de Esquerda, se ajoelhou diante do capitalismo no jornal burguês “Thüringische Landeszeitung” em 15 de agosto. “Ninguém quer uma revolução“, afirma ele, e: “Sim, todos os esquerdistas aceitam a Lei Constitucional“. Qualquer pessoa que faça as pazes com a lei básica do capitalismo dessa forma já enterrou há muito tempo a luta por uma sociedade socialista. Ele está se curvando pragmaticamente às restrições práticas do capitalismo, como é sabido em todos os governos estaduais com participação do Partido de Esquerda.
Entretanto, o colapso da traição ao socialismo há 25 anos e a reunificação deixaram a classe trabalhadora com lições e oportunidades históricas completamente diferentes e inestimáveis. Seu processamento com a ajuda do MLPD abre caminho para uma nova tentativa na luta pelo socialismo autêntico. O socialismo só poderá triunfar se enfrentar o problema do modo (maneira) de pensar pequeno-burguês em suas várias nuances e for construído com base no modo (maneira) de pensar proletário. Se a classe trabalhadora conseguir fazer com que essas lições se tornem suas, ela partirá para a ofensiva. Na Alemanha reunificada, ela tem excelentes condições prévias para isso e, com o MLPD, agora tem um partido revolucionário num pais inteiro (ou „totalmente alemão“).
Fonte: https://www.mlpd.de/2014/kw45/25-jahre-danach-wie-das-volk-die-mauer-zu-fall-brachte